Mudanças no comando técnico agitam a Europa

Por Guido Pinto Teles – “O Cronista da Bola”

Há verões em que a bola descansa, mas a cadeira dos treinadores nunca arrefece. A entrada para a Temporada 6 do E-Manager Classic é um desses momentos em que a prancheta muda de mãos como se fosse uma bola mal passada no meio-campo — rápida, inesperada e, por vezes, fatal.

Em Liverpool, não houve surpresas. Marcello Lippi, campeão da Liga, renovou para a sua terceira época no comando, anunciando que pretende encerrar a carreira no clube. É uma raridade ver hoje um treinador querer terminar onde começou — sinal de que, em Anfield, a tradição continua a ser um jogador em campo.

Na Internazionale, o enredo é digno de novela. Hitzfeld, vencedor da Copa, foi afastado — repetindo o que lhe aconteceu na temporada passada, quando, após conquistar a Liga pelo Milan, acabou igualmente despedido. O destino colocou no seu lugar Rafa Benitez, um estreante que terá de provar rapidamente que sabe trafegar nas ruas agitadas de Milão.

O Barcelona, vice-campeão da Liga, manteve Arrigo Sacchi apesar de um final de temporada aquém das expectativas. A diretoria demonstra confiar que a filosofia de jogo ainda encontrará seu ápice. Já o Manchester United apostou na continuidade de Johan Cruyff, contratado ao City, encarregado de montar um plantel competitivo apesar das dívidas da época anterior a assombrar Old Trafford.

Em Roma, a paciência para o futebol defensivo esgotou-se. Capello saiu, e entrou Louis van Gaal, sem experiência na elite europeia, mas com o apoio declarado do fenômeno Ronaldo. Uma escolha pelo bom ambiente no balneário.

O Atlético de Madrid trocou Dalglish pelo veterano Arsene Wenger, cuja missão é tirar o máximo de Zidane, promessa que todos aguardam ver explodir. Ainda em Madrid, no Real, há reencontro: Fabio Capello regressa para tentar devolver ordem a um plantel que não brilhou sob o comando de Fernando Santos — há boato de ter sido apontado por ser primo do Manager.

O Arsenal, órfão de Ferguson, entregou o leme ao promissor Carlo Ancelotti, mantendo a filosofia que já rendeu duas taças ao clube. No Sevilla, a aposta é num técnico que parece talhado para o estilo da casa: José Mourinho, estreante, mas com o espírito defensivo que acompanha o DNA do clube.

A Juventus contratou Kenny Dalglish, que deixou o Atlético após uma temporada abaixo das expectativas, esperando que em Turim reencontre a inspiração. O Milan, como costumeiro, surpreendeu ao entregar o comando ao recém-aposentado Frank Rijkaard — mais um da longa lista de treinadores iniciantes testados em San Siro —, movimento que poderá significar a saída de Shevchenko.

E, no Manchester City, há revolução. O escolhido para o trabalho é Hansi Flick, outro estreante, que terá nas mãos uma remodelação completa do plantel com a ambição de conquistar a primeira taça da história do clube.

Quando olho para este autêntico bailado de técnicos, lembro-me de uma conversa com o saudoso amigo Mário, que me disse uma vez no Jamor: “Mudar de treinador é como mudar de maestro… a partitura pode ser a mesma, mas a música nunca é igual.” E, no E-Manager, isso nunca deixou de ser verdade.